História do Condomínio

A História do Condomínio

São inúmeros jornais e revistas do próprio Retiro das Pedras, preservados cuidadosamente pela diretoria, que revelam grandes histórias e detalhes curiosos do condomínio e dos moradores, personagens de sorte escolherem o Retiro como lar. Um lugar em constante evolução que segue fiel à vontade do fundador, José de Araújo Cotta, de fazer da comunidade uma grande família.

“O Retiro tem uma história que precisa ser contada, porque muitos dos que aqui vivem não sabem como nasceu este lugar privilegiado plantado sobre montanhas”, diz Sr. Cotta, em entrevista.

O condomínio Retiro das Pedras foi o primeiro condomínio horizontal do Brasil e alguns dizem que da América Latina também. O ambiente foi pensando em proporcionar alto índice de qualidade de vida aos moradores. Trata-se de um empreendimento imobiliário especial. “Mais uma vez o homem completou o trabalho da natureza. Um local agreste foi transformado num recanto aprazível de se viver” (Boletim Trevinho, novembro de 1984).

O Retiro é o ambiente ideal para aquelas pessoas que optam por admirar o voo e o som dos pássaros, o perfume da mata e das flores, o barulho do vento. Para quem escolhe morar e viver bem. Para quem quer descobrir o prazer perdido da convivência e da boa vizinhança neste mundo em rápida transformação e cercado por ameaças à qualidade de vida.

É um lugar onde ainda é possível ter um modo de vida humanizado solidário. Uma comunidade onde se vive de forma civilizada, livre, porém consciente de seus deveres e responsabilidades.

 

Como o Prof. Antônio Lopes de Sá, condômino, relatou no Jornal do Retiro de Janeiro de 1999, a vista é “um mar de montanhas, a vista de uma cabina de avião”.

Muitos retirenses agradeciam ao fundador pela “dádiva de Deus de morarem no alto das montanhas”. Cotta tinha uma resposta na ponta da língua: “A natureza é uma dádiva de Deus e é a ele que os retirenses devem agradecer”.

O símbolo do Retiro das Pedras é um trevo, para dar sorte.

O cuidado e carinho com o projeto e com os moradores é algo presente em todos estes anos. Bem no comecinho, os moradores recebiam diploma por casa construída e alguma solenidade.

Os moradores têm orgulho em morar em condomínio tão peculiar e diferente de tudo o que existe. Muitos se referem a um clima europeu. Em meio à natureza, no alto de seus 1.485 metros, com temperaturas mais baixas cerca de 4º de Belo Horizonte, a neblina é uma vizinha que sempre está por perto. O cheiro de mato, as plantas, as árvores, os pássaros e os animais completam o dia a dia. Isso sem falar da vista exuberante do Vale do Paraopeba, capaz de tirar o fôlego, inspirar os condôminos dia após dia e encantar os visitantes. É o local ideal escolhido por quem busca viver a vida em sua plenitude. E é motivador escutar e ler tantos relatos que mostram que a intenção do condomínio sempre foi um convite ao repouso e à serenidade.

Como tudo começou

Em meio ao material de jornais e revistas cuidadosamente preservado pela diretoria do Retiro das Pedras, são várias as entrevistas, fotos e textos com o fundador e idealizador do Retiro das Pedras, o jornalista José Antônio de Araújo Cotta. Para o projeto, ele sempre contou com o incentivo de sua esposa, a Sra. Conceição, companheira nos ideais e no trabalho. “Até então não existia nada parecido no País, lotes acoplados a um clube”, comentava. Ele tinha orgulho da sua ideia, da qual além de planejar, vender lotes, sempre foi muito atuante em várias gestões. Gostava de acompanhar e colaborar como podia com tudo no Retiro.

José Antônio de Araújo Cotta comprou o terreno do Retiro das Pedras em 1954, da Mina de Morro Velho (Sain Jonh d’El Rey Mining Company). Cotta era proprietário da Minas Filmes, produtora de jornais e documentários cinematográficos exibidos em todo o Brasil, único veículo de projeção nacional da época. Em 1957, chegou a trazer ao terreno o renomado cineasta da década de 50, Alberto Cavalcanti. O que ele tinha em mente para era construir um estúdio cinematográfico.

O jornalista tentou por dois anos financiamento para o seu projeto, mas não conseguiu. “Ninguém em Minas estava disposto em investir na indústria cinematográfica”, justificava o jornalista. Então, mudou o enredo do seu sonho, para construir um condomínio. Mas não poderia ser um loteamento como os outros, tinha que ser uma “coisa de cinema”. Em 1956, passou os documentos em nome da Minas Filmes para o seu nome.

O Retiro das Pedras foi fundado em 13/11/1957 e inaugurado em 06/12/1958, com a presença do governador Bias Fortes.

No boletim do Retiro das Pedras de 1988, José de Araújo Cotta detalha que a ocupação do Retiro foi lenta, muito lenta mesmo. “É a tal coisa, achavam aqui longe. Depois nós tivemos aquela inflação fabulosa que começou em 1961. Período de recessão.

Dificuldades políticas no Brasil. Nós ficamos marcando passo. Só aparecia uma casa ou outra. E de repente o Retiro das Pedras explode. Ocupavam o Retiro das Pedras todas as raças, todas as religiões, de nível social muito bom. Sempre de classe média”.

Em texto comemorativo aos 50 anos do condomínio, de 2008, “O Retiro das Pedras, ontem e hoje”, de José de Araújo Cotta, com 85 anos na época, o fundador conta a história de 50 anos, “para que os que aqui vivem e não conhecem sabem como nasceu esse lugar privilegiado, plantado sobre montanhas”. Ele imaginou um condomínio que oferecesse aos moradores o melhor em tudo: conforto, segurança, tranquilidade, qualidade de vida. “Não queria um lugar apenas para morar, mas para viver. A ideia era formar uma comunidade, uma grande família, onde a Natureza se misturasse com o esporte, o lazer, a vida em comum. O lugar tinha tudo para ser uma pequena cidade europeia a 15 minutos de Belo Horizonte, com seu clima peculiar e a beleza agreste emoldurada pelas pedras que brotavam como plantas entre as montanhas, a 1.485 metros de altitude”.

Para começar, ele contratou o arquiteto e urbanista Eduardo Mendes Guimarães Júnior, um dos mais conceituados da época. Para o projeto paisagístico contratou a renomada Ione Fonseca. Ele foi fiel e pioneiro à ideia dos jardins e espaços coletivos ocuparem 60% do total da área de um projeto. E incluiu quadras esportivas, restaurante, áreas de lazer, clube e toda a infraestrutura capaz de formar e agregar uma grande e seleta comunidade. E não faltaram pedidos insistentes para transformar em lotes outras áreas do terreno, algumas de onde se descortinavam as montanhas do Vale do Paraopeba. “A paisagem deveria ser de todos e não de alguns poucos. Além do mais, lucro não era o objetivo final do jornalista que mudara de rumo e de ramo”, defendia. Em todos os momentos da vida do Sr. Cotta, é notável a sua preocupação sempre seguir um dos principais requisitos: proporcionar aos moradores qualidade de vida.

Hino do Retiro das Pedras

O grande professor de música Elias Salomé, que morou na rua Ipê Roxo, teve um conjunto musical muito famoso na época, “Bando dos Cariúnas”, criou a letra e melodia do hino do Retiro.

Salve o Retiro das Pedras
E os seus vales e montes
Que parecem apontar para os céus
Salve a sua Capela,
Que nos aproxima de Deus.
Salve o Retiro das Pedras,
Seu Patrono, São Judas Tadeu. ]Salve esse recanto adorado,
Que inspira amor e harmonia.
Salve o nosso Retiro das Pedras,
Que nos traz muita paz e alegria.

 

Entrevista com o fundador e idealizador do Retiro das Pedras, José de Araújo Cotta

O Fundador do Retiro José de Araújo Cotta narra os episódios do início do Retiro

Muitas lendas envolvem a fundação do Retiro das Pedras. Uma delas, a mais conhecida, conta que Juscelino Kubitschek, então governador do Estado, tinha planos de implantar, aqui, um monumental estúdio cinematográfico. Não deu certo. Para que um lugar tão deslumbrante não ficasse inaproveitado, doou o terreno para que um grande amigo implantasse um loteamento. O amigo, José de Araújo Cotta, um atuante jornalista nas décadas de 50 e 60, se dispôs, depois de muitos e muitos anos ouvindo histórias, a falar sobre os primeiros tempos do Retiro. A conversa foi com Maria Cesarina Noronha Magalhães, na primeira casa construída no Condomínio, na rua Pinheiros. Cotta se sente injustiçado pelas lendas e revela como nasceu, realmente, o Retiro das Pedras.

Transcrição da entrevista do fundador e idealizador do Retiro das Pedras, José de Araújo Cotta, no boletim Retiro das Pedras, novembro de 1987.

Qual a verdade sobre a fundação?

Em 1954, a Morro Velho estava vendendo terrenos na região. Vendeu para imobiliárias, construíram Água Limpa, Vale do Sol e Jardim Canadá. Fui o único apresentar uma proposta diferente. Eu era dono da Minas Filmes, produtora de documentários e jornais de atualidades, e queria fazer um estúdio cinematográfico. A Morro Velho consultou a matriz em Londres. Em 54 mesmo, foi passada a escritura. Comecei a fazer os projetos e verifiquei que não tinha condições econômicas e financeiras para executar o projeto.

Como surgiu a ideia do loteamento?

Bom pensei então em implantar uma fazenda. Mas como as terras eram ruins, mudei de ideia. Decidi dividir com outras pessoas a beleza deste lugar, o clima maravilhoso, esta dádiva de Deus que temos aqui. Mas, dividir como? Só loteando.

Como foi projetado o loteamento?

O projeto foi do arquiteto Eduardo Mendes Guimarães Jr. Ele foi instruído por mim para fazer um projeto sem egoísmo. Depois que o clube estava funcionando, vi que a sede não era como eu queria. Ele me disse que fez uma sede modesta porque não acreditava que eu executasse o meu projeto.

Como foi a construção do Retiro?

O construtor foi meu amigo Eônio Sartori. Nós não tínhamos ainda energia. Trabalhávamos do nascer ao pôr do Sol. Buscávamos água lá na represa com tonéis na carroça de burro. A coisa foi feita desta forma, com muito sacrifício, mas com muita vontade de fazer. JK foi a minha grande inspiração. Procurei ser veloz e ter qualidade, ao feitio do ilustre e saudoso amigo. A infraestrutura foi construída imitando Brasília. Aquilo me impregnou. Eu fiz o Retiro das Pedras, que é pequeno, em tempo muito maior que Brasília, uma cidade imensa, feita em três anos. Fiz o Retiro em dez meses. Só coloquei os lotes à venda depois de pronta a represa, as caixas d’água e todo o encanamento lançado nas ruas. Era para mostrar que o Retiro seria uma realidade mesmo. Fiz um folheto. Fiz uma carta aos amigos e pessoas influentes para que viessem conhecer o Retiro. Era a pessoa chegar, sentir, olhar e ficar.

 

Por que este nome “Retiro das Pedras”?

Onde está o Retiro das Pedras chamava-se Retiro do Moisés. Eu aproveitei o nome Retiro que sugere aconchego, tranquilidade, descanso e associei às nossas pedras.

Qual a origem dos nomes das ruas?

O nome das ruas e avenidas é uma sugestão de um paisagista que morava aqui. Ele sugeriu dar nomes de flores e árvores às ruas e a diretoria aprovou imediatamente. Para facilitar a localização eu sugiro a numeração mas tenho medo, medo de que o número sendo mais prático, faça esquecer a denominação das flores.

Qual o maior desafio do administrador do condomínio?

Sem dúvida, o grande desafio é manejar e conviver com os condôminos. É certo que grande parte dos condôminos entendem que o presidente tem por obrigação acertar, ter tudo em ordem e ainda exigem e reclamam dele como se reclamassem de um empregado remunerado. Esse é o maior desafio, saber conviver com gente determinadamente do contra.

Conte uma história do Retiro Antigo.

Nós tínhamos aqui muita gente atuante no comércio de Belo Horizonte. Então arrebanhávamos uns 10 presentes durante a semana e fazíamos um bingo nos sábados com a renda destinada ao Natal dos funcionários. Era muito interessante. Era um bingo dançante. O Gerson Sabino contava muitas piadas. O saudoso Elias Salomé trazia seus instrumentos musicais. Um dia anunciaram o bingo num jornal de Belo Horizonte, então a polícia alertou que não era permitido. Mas nós fizemos o bingo assim mesmo porque não tinha fim lucrativo. Era só uma brincadeira, não se jogava a dinheiro.

Há alguma queixa do desenvolvimento do Retiro?

Lamento sinceramente que o Retiro não tenha ainda se transformado em um grande jardim. Reservei várias áreas para bosques. Alguns eu mesmo formei-os mal, plantando árvores que crescessem depressa. Deveria ter plantado árvores floridas, coloridas ou frutíferas. Perto das quadras tem um bosque e lá eu não vejo um banco. O esgoto é o item mais importante que nos resta fazer. Depois é só embelezar e preocupar com o lado ecológico.

Afinal o Retiro foi uma doação do Juscelino Kubitschek?

Foi uma pena o Juscelino não ter me doado este terreno. Ele não poderia ter feito isso, primeiro porque o terreno não era dele, segundo porque foi a Minas Filmes Ltda. que adquiriu para fazer um estúdio cinematográfico. Ele nunca veio aqui. Mas ele nos conhecia do alto, de avião. Tenho uma carta dele onde diz: “a próxima vez que eu for a Belo Horizonte quero conhecer aquele pedaço bonito do céu”.

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